29 janeiro 2017

DI1F19 e DI1F25 - juros futuros, e daí?

Buenas, galera! Um dos blogs que acompanho bastante é do Rodolfo Oshiro, o Discussão sobre Investimentos:

Costumeiramente, o amigo posta o gráfico do DI1F19, ou seja, o juros futuros para janeiro de 2019. Eu também acompanho o DI1F19 de olho no curto prazo, mas também acompanho o DI1F25 para o longo prazo. Abaixo posto os dois gráficos:
DI1F19
DI1F25
Sim, os dois gráficos são semelhantes. É como se o DI1F25 estivesse deslocado para a esquerda no eixo das abcissas (X) e levemente para cima no eixo das ordenadas (Y). Notem que a partir de janeiro de 2016 tivemos uma queda livre na expectativa de juros futuros, tanto em prazos mais curtos (19) como em prazos mais longos (25).

Em outubro o mercado testou o suporte do DI1F19 na casa dos 11,27 (linha branca) e ao mesmo tempo o suporte do DI1F25 também na casa dos 11,27 (linha azul). Porém, com a eleição de Trump nos EUA o mercado passou a ver mais risco e houve um repique. O DI1F19 chegou a tocar o antigo suporte na faixa dos 12 mas isso serviu como resistência. Já o DI1F25 "ignorou" essas resistências e retornou acima dos suporte dos 11,90 encontrando resistência na faixa dos 12,50.

Entretanto, o movimentos de queda dos juros manteve sua trajetória e, em dezembro, com um pouco menos de medo do governo Trump, inflação mostrando melhoras e tendencia de êxito nas aprovações das medidas do governo o DI1F19 rompeu novamente o suporte de 11,27 (linha branca) e veio testar o o antigo suporte de 10,89 (linha amarela). Por sua vez o DI1F25 furou o fundo de 11,90 e ancorou num antigo suporte (final de 2014) em 11,50 (linha amarela).

Na primeira reunião do COPOM de 2017 tivemos uma posição mais dovish da turma do Ilan, e aí os juros despencaram. O DI1F19 caiu e encontrou suporte na faixa de 10,41 (linha azul) e o DI1F25 ignorou o último teste (11,27 - linha azul) e ficou abaixo desse antigo suporte.

Tá, legal, e daí?

Agora, minha expectativa é que os juros continuem caindo e, assim que o DI1F19 romper definitivamente o suporte de 10,41, acredito que venha a testar os 9,80 (linha verde) e os 8,70 (linha rosa). Já o DI1F25 caminha para testar o último suporte em 10,77 (linha verde) depois vai escrever sua própria história, mas acredito em barreiras próximo aos 10 e aos 9, ou seja, os mesmos suportes do DI1F19 + um pequeno prêmio por ser uma projeção mais longa. Obviamente que repiques podem e devem ocorrer, essa trajetória não é linear...

Tá, legal, e daí?

E daí que como o mercado de juros, via de regra, caminha inversamente ao mercado de ações e imóveis, espero que o apreçamento dos ativos de risco continuem, ou seja, espero que bolsa e FIIs continuem subindo. Por isso, há alguns meses resolvi aumentar um pouco minha exposição em ações e FIIs e reduzir minha exposição em renda fixa.

Também espero maior rentabilidade nos títulos pré-fixados, indexados ou não (TD-Pré e TD-IPCA). Mas não pretendo comprar esses títulos agora, e sim penso em ficar de olho para realizar os lucros. Meu investimento foi nos indexados ao IPCA (TD IPCA+35) e aguardo que as taxas caiam para patamares próximo ao 4,5 para iniciar a colheita.

Bom, isso é o que eu espero, mas se vai ocorrer ou não, só o Sr. Mercado vai dizer. Então, convido você a seguir nossa estratégia de investimentos, ou seja, eu a minha e você a sua... não sou profissional habilitado a recomendar investimentos e, meu intuito aqui, é apenas criar aqui um canal de discussão.

Sonzinho... tem também. Hoje tirei um pouco de teia de aranha... achei um clipe de 1991 Mucky Pup (Hippies Hate Water)

16 janeiro 2017

Educação financeira de pai para filho. O episódio do vídeo game...

Buenas, galera! Aos que são pais (ou que pretendem ser no futuro), vocês já se questionaram em como iniciar a educação financeira dos seus filhos? Eu me pergunto frequentemente, mas como toda a educação, acredito que ela se valha mais pelos exemplos do que pela teoria. Ou seja, acredito que os filhos tendem a seguir mais os exemplos do que os ensinamentos teóricos.

Há algum tempo atrás meu filho queria trocar o vídeo game dele, porém o vídeo game era praticamente novo e eu vi aí uma oportunidade de aprendizado para ele. Sugeri que ele comprasse o novo vídeo game pelo esforço dele, ou seja, poupando até juntar o valor.

  • Surpresa #1: eu imaginava que ele não se empolgaria com a ideia, mas ocorreu o contrário. Ele disse: "Bah! vai ser legal, porque todos os meus amigos ganham essas coisas dos pais, e eu vou comprar com o meu dinheiro".

  • Surpresa #2: após a grata satisfação pela reação dele à ideia, imaginei que ele iria desistir pelo caminho, mas não. Já fazem dois anos que ele vem poupando e, embora tenha passado por momentos de desilusão, devido ao saldo da sua poupança, ele se manteve firme e determinado.

  • Surpresa #3: durante as férias fomos olhar alguns vídeo games para avaliar a compra e comparamos o saldo dele... está quase lá. Aí sugeri um empréstimo para ver a reação dele. Obviamente que o imediatismo pesou, e ele não descartou a sugestão. Começou a avaliar, mas depois de um tempo declinou a proposta de empréstimo. "Quero comprar com o meu dinheiro" disse ele, e acrescentou: "se eu pegar emprestado, terei que pagar o que pedi emprestado, para depois conseguir comprar outra coisa que quiser". Realmente a atitude surpreendeu-me novamente. Trata-se de um pré-adolescente, ansioso para conquistar um bem que tem valor para ele, mas está, ao meu ver, agindo de forma muito mais responsável que muitos adultos que conheço.

Você tem alguma experiência na transferência da educação financeira aos seus filhos? Conte aí...

Hoje resolvi homenagear o amigo blogueiro Surfista Calhorda que recentemente passou a barreira dos 200k
http://elenaosurfanada.blogspot.com/2017/01/independencia-financeira-e-tchau.html
Achei no Youtube o clássico dos Replicantes "Surfista Calhorda"... a música é de 1986 do LP "O Futuro é Vortex", um dos mais influentes trabalhos do punk nacional.



11 janeiro 2017

Copom reduz a taxa Selic para 13,00% ao ano

"O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 13,00% a.a., sem viés.
A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
O conjunto dos indicadores sugere atividade econômica aquém do esperado. A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente;
No âmbito externo, o cenário ainda é bastante incerto.  Entretanto, até o momento, os efeitos do fim do interregno benigno têm sido limitados;
A inflação recente continuou mais favorável que o esperado. Há evidências de que o processo de desinflação mais difundida tenha atingido também componentes mais sensíveis à política monetária e ao ciclo econômico;
A inflação acumulada no ano passado alcançou 6,3%, bem abaixo do esperado há poucos meses e dentro do intervalo de tolerância da meta para a inflação estabelecido para 2016;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus recuaram para em torno de 4,8% para 2017, e mantiveram-se ancoradas ao redor de 4,5% para 2018 e horizontes mais distantes;
As projeções condicionais do Copom também recuaram em relação às divulgadas no Relatório de Inflação passado, que foram baseadas no conjunto de informações disponíveis até 9 de dezembro de 2016. Dentre outros fatores, os recuos nas projeções foram influenciados por dados de inflação e atividade econômica divulgados desde então. As projeções no cenário de referência encontram-se em torno de 4,0% e 3,4% para 2017 e 2018, respectivamente. Já no cenário de mercado, situam-se em torno de 4,4% e 4,5% para 2017 e 2018, respectivamente; e
Os passos no processo de encaminhamento e aprovação das reformas fiscais têm sido positivos até o momento.
O Comitê ressalta os seguintes riscos para o cenário básico para a inflação:
Por um lado, (i) o alto grau de incerteza no cenário externo pode dificultar o processo de desinflação; (ii) o processo de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária requer atenção contínua; (iii) o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia é longo e envolve incertezas;
Por outro lado, (iv) a atividade econômica mais fraca e o elevado nível de ociosidade na economia podem produzir desinflação mais rápida que a refletida nas projeções do Copom; (v) a inflação tem se mostrado mais favorável, o que pode sinalizar menor persistência no processo inflacionário; e (vi) o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia pode ocorrer de forma mais célere que o antecipado.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros para 13,00% a.a., sem viés. O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com intensificação da flexibilização monetária em curso.
O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,25% e sinalizar uma intensidade maior de queda para a próxima reunião. Entretanto, diante do ambiente com expectativas de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização. A extensão do ciclo e possíveis revisões no ritmo de flexibilização continuarão dependendo das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco mencionados acima.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel."
Será que o Ilan amarelou? O mercado já estava prevendo uma possibilidade dessa redução de 0,75 p.p., mas para um Copom tão austero e independente, que reduziu 0,25 p.p. na última reunião pular para 0,75 p.p., sei lá... não que eu seja contra ao corte de 0,75 p.p.
Fica claro no comunicado a preocupação com a atividade econômica, o que é louvável, mas o papel do Copom é controlar a inflação. Tudo bem, foi citado que a inflação veio menor que o esperado e está ancorada em níveis satisfatórios para os próximos dois anos e horizontes mais distantes. Mas o risco externo e interno (aprovação efetiva das reformas) ainda persistem e, acredito que o mercado agora vá precificar uma redução mais intensa da taxa Selic, indo para 10% no final de 2017, ou quem sabe até abaixo disso.
Fazendo um contraponto, talvez tenha sido uma bela tacada de mestre. Com a atividade fraca, e o ambiente ameno, acredito que o Copom tenha reduzido ao máximo possível a taxa de juro, e vai pagar para ver o que ocorre até fevereiro (e depois até abril). Se o ambiente continuar favorável, podemos ter um novo corte forte. Acredito que o mercado não vai aceitar menos que 0,50 p.p. e deve esperar novo corte de 0,75 p.p.
Porque isso seria uma tacada de mestre? Trump, a grande incógnita externa, assume no próximo dia 20 e, durante os primeiros 100 dias de governo, pode haver volatilidade, mas será o tempo que o mercado vai avaliar a realidade do novo governo antes de se posicionar realmente. Caso os ventos soprem a favor (dólar e inflação), continuaremos com o afrouxamento monetário, caso contrário, se a inflação voltar a subir, a festa pode acabar. Entretanto, se a taxa Selic ainda estiver alta, como aumentá-la? Agora, se ela estiver mais baixa, mesmo que gerando um pouco de inflação além do previsto, pode-se reduzir ou até interromper o ciclo de queda afetando menos a economia. Sendo assim, acredito que o Copom vai reduzir o máximo possível nas próximas duas reuniões (fevereiro e abril) e ajustar, se necessário, a partir de maio.
Não sei se você concorda ou discorda, mas não se abstenha. Deixe seu comentário para discutirmos o assunto, assim, todos ganham...